quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS


  
        Para pensarmos num melhor desenvolvimento cognitivo em crianças de 0 a 3 anos é necessário repensar a prática, e o que queremos obter com o trabalho educativo.
        Existem muitas classificações de textos infantis para serem trabalhado com essa faixa etária, como: mitos, lendas, fabulas, contos, poesias, parlendas... , mas o mais importante é avaliar se a categorização deste texto é de objetivos pedagógicos para direcionar a criança a certa ideologia e comportamento ou se é emancipatória, resgatando a criatividade, fantasia, expressividade do ouvinte (receptor).
        O educador tem que se ver figura-chave deste desenvolvimento, pois desencadeia uma atividade narrativa que influencia significantemente a visão ficcional da criança, podendo abrir fronteiras em seu desenvolvimento cognitivo e identidade.
Primeiramente é notável visar alguns princípios orientadores que abrange duas categorias para adequar livros à faixa etária.
        Na 1° categoria (Dos 15/17 meses aos 3 anos) “Primeira Infância”, a criança começa a reconhecer o seu mundo pelo tato e contatos afetivos, emocionais, redicionando-a descobrir-se como indivíduo dotado de linguagem e ações cognitivas.
        Nesta fase, o educador tem que investir na oralidade, nomeando brinquedos, desenhos, gravuras como estímulo a autonomia. Livros com cores diversas, gravuras de animais, ilustrações de objetos, fotos da família são interessantes para estimulação no exercício da oralidade e construção da expressividade, fantasia, e identidade.
        E segundo Paul Faucher  a partir dos 18 meses chega o momento de elaboração da linguagem e partindo de cada estágio da criança chegou às seguintes correlações: “Livros com imagens que devem provocar o conhecimento ou reconhecimento de objetos ou seres, familiares à criança, em seu cotidiano real e comum: brinquedos, móveis, recantos da habitação, bichos, alimentos... a serem designados oralmente pelo nome. Esse convívio com a imagem, associada à palavra nomeadora, facilitará a operação mental que identifica a percepção visual e a palavra correspondente. Mas, para que isso se dê, a imagem deve ser nítida e imediatamente perceptível pela criança. Livros com poucas páginas.”
        Na 2° categoria (A partir dos 2/3 anos) “Segunda Infância”, o educador tem que ser o mediador para o contato com o livro, escolhendo livros direcionados ao cotidiano da família, com imagens significativas à visão infantil, sugerindo uma situação de fácil comunicação visual.
       Nesta fase é crescente a comunicação verbal e visual, portanto contar histórias tem que ser atraente assim como os livros e proporcionar à criança uma viagem ao um mundo de fantasia direcionado pelo texto. Proporcionar atividades de recontar a história é algo importantíssimo pois desenvolve a oralidade e imaginação.
        Paul Faucher Também diz que “a partir dos 3 anos há uma ampliação do mundo conhecido e linguagem identificadora. E os livros tem que ter imagens tiradas ainda do ambiente familiar, formando historietas simples, que podem ser manipuladas pela criança para formar outras situações ou histórias ou contá-las.”
       “É preciso saber que contar histórias é uma arte popular. Uma aproximação excessivamente acadêmica e/ou sofisticada pode esvaziar o conteúdo emocional da narrativa, deixando o público pouco à vontade. Da mesma forma, deve-se ter em mente que, embora o ato de contar histórias possa se inserir numa proposta terapêutica ou num projeto pedagógico, não se pode agir de forma mecânica, apenas para cumprir um dever ou para ensinar o que quer que seja, de regras gramaticais a valores doutrinários. As histórias devem ser contadas por e com prazer. Senão nem vale a pena começar”( Informação verbal).
    
 Agora vem a pergunta: _ “Como fazer da narrativa uma atração?”.
_Por caracteres visuais, como: fantoches, fantasias, livros atraentes..., e também auditivos. A entonação da fala, sons, ruídos, e a música são fatores importantes ao contar historias, pois a criança é levada ao mundo fantástico por estes caracteres! Para submetermos a criança à expressividade, criatividade, propondo perspectivas sobre a realidade que vive a narrativa tem que ser encarada como arte assim como a literatura infantil, pois nada adianta haver obras de grande valia cultural e artística se for passada sem entusiasmo, fantasia ao pré-leitor que é receptor vital e sensorial do mundo que o rodeia.Quem conta a história vê-se envolvido em todo este processo. Um adulto que goste de contar histórias não escapa ao seu próprio fascínio e descobre a cada momento, a cada pausa, o efeito que as suas palavras e a sua expressão provocam nele mesmo e na criança que ouve, de olhos maravilhados”, segundo uma pesquisa na internet.                
       Ao narrar um conto, o contador tem que se envolver na história trazendo na narrativa um mundo fantástico, mas real aos olhos infantis. Temos que trabalhar criativamente levando a criança a imaginar além do que está no livro. “A escolha do repertório é fundamental para um contador de histórias. Mesmo os contadores mais experientes encontram dificuldades com alguns textos e mais facilidade com outros, sugerindo que se trabalhe com três tipos básicos de material: literatura popular (onde se incluem os contos de fadas), contos literários e trechos de livros (SAWYER, 1990, p. 153). E também (...) “a literatura infanto-juvenil continuará tendo a sua faceta mais atraente na literatura de tradição oral e mais propriamente nos contos de fadas” (RIBEIRO, 2002, p. 14-15).
       Fica por consciência do narrador a doação e ousadia em se dedicar a arte de contar  porque narrar história não é somente desenvolver a imaginação ... mas também dá  afeto e conforto.
      Também é importante ressaltar que a lógica da criança exige organização (Começo, Meio e Fim) havendo coerência e unidade, vocabulário simples, além da mágica a ser envolvida. Para que então se possa a partir da história propor imaginação e argumentação para estimular o querer e o pensar.
         A mediação do educador não é só importante por introduzir a criança num mundo mágico, cheio de fantasia, é também para que decodifique os sinais gráficos contidos no livro e estimule um caminho para a escrita. As imagens devem ser predominantes no livro e criarem situações para esta certa faixa etária, até porque as figuras são um texto e desenvolvem criatividade, oralidade e improviso.
        As atividades de histórias têm que propor autonomia oral à criança, para que não desenvolva somente o prazer em ouvir como também o prazer em contar e criar histórias. O universo da leitura é mágico e envolvente, e para os educadores uma “artimanha” que faz do objetivo pedagógico uma aprendizagem significativa. Com o uso da arte na rotina pedagógica se ganha equilíbrio, organização, vivacidade da sala, além de desenvolver a oralidade. Desenvolver a linguagem é um dos objetivos das classes iniciais da Educação Infantil e os educadores destas turmas precisam interagir com as crianças, que muitas vezes usam fraldas e chupetas. Um dos caminhos evidentes no estudo é trabalhar com textos infantis, explorando os recursos lingüísticos, tanto visuais como auditivos, melhorando assim a qualidade de ensino e aprendizagem de nossas crianças.
          Portanto, depende do educador analisar o currículo e a prática pedagógica e enxergar em si um estimulador de perspectivas futuras.
“Talvez uma das funções mais importantes da arte consista em conscientizar os homens da grandeza que eles ignoram trazer em si”. André Malraux.


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